terça-feira, 7 de outubro de 2008

Se os humanos fossem feitos para durar

O envelhecimento costuma ser definido como uma doença que pode ser revertida ou eliminada. Na verdade, muitos fornecedores de juventude em vidrinhos gostariam de nos fazer acreditar que os problemas médicos associados ao envelhecimento são culpa nossa, decorrentes principalmente de nosso modo de vida decadente.
É claro que qualquer idiota pode diminuir a duração de sua vida. Mas é absolutamente injusto culpar as pessoas pelas conseqüências de herdar um corpo que não tem sistemas perfeitos de conserto e manutenção e que não foi concebido para um uso prolongado ou para ter saúde permanente. Continuaríamos nos desgastando com o passar do tempo mesmo que um modo de vida ideal, mítico, pudesse ser identificado e adotado.
Essa realidade significa que o envelhecimento e muitos de seus transtornos concomitantes não são antinaturais, nem evitáveis. Nenhuma intervenção simples compensaria as inúmeras imperfeições espalhadas por toda a nossa anatomia e que são reveladas pela passagem do tempo. Mas temos confiança em que a ciência biomédica vai ter condições de amenizar certas doenças trazidas pelo tempo. Os pesquisadores estão identificando rapidamente (e discernindo a função de) miríades de nossos genes, desenvolvendo remédios para controlá-los e aprendendo a canalizar e aumentar as extraordinárias faculdades de recuperação que já existem em nosso corpo. Esses avanços incríveis vão acabar compensando muitos dos defeitos de concepção contidos em todos nós.

Essa reportagem foi retirada da revista Scientific American Brasil de setembro de 2002 e foi escrita por S. Jay Oshlansky, Bruce A. Carnes e Robert N. Butler.

S. Jay Oshlansky, Bruce A. Carnes e Robert N. Butler interessam-se todos há muito tempo pelos processos subjacentes ao envelhecimento humano. Olshansky é professor da Escola de Saúde Pública da Universidade de Illinois, em Chicago. Ele e Carnes, ambos profissionais antigos do Centro de Pesquisa de Opinião Nacional/Centro de Envelhecimento da Universidade de Chicago, colaboram em estudos - financiados pelo Instituto Nacional de Envelhecimento (INE) e pela Administração Nacional Aeronáutica e Espacial - sobre a biodemografia do envelhecimento (exame das razões biológicas para os tipos de doenças e morte relacionadas com a idade). São co-autores de The Quest for Immortality: Science at the Frontiers of Aging (A Busca da Imortalidade: A Ciência nas Fronteiras do Envelhecimento) (W. W. Norton, 2001).


Postado por: Erica Freitas e Gabriel Lessa

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